
(Nova York, moedas pra todo o lado)
Ler a primeira parte deste tópico
Semana passada, comecei a falar de algumas diferenças culturais entre os nova-iorquinos e os brasileiros, para poupá-los de alguns micos ou problemas de comunicação durante a viagem.
Então, prosseguiremos enumerando algums itens do código de ética não-verbal dos americanos:
- jamais facilite o troco!
Este é um ponto extremamente importante: a não ser que o caixa lhe peça, jamais tente facilitar a vida dele jogando umas moedinhas.
Vamos supor o seguinte caso:
A sua compra dá 5 dólares e 27 centavos.
Você só tem dez dólares e algumas moedas. Como um bom comprador, querendo ajudar na hora do troco, você entrega os 10 dólares, uma moeda de 25 centavos e 2 de um centavo, ou seja, U$ 10,27, para receber 5 dólares de troco.
Nada mais simples, no entanto, este procedimento, para um americano, é o fim-do-mundo. Você pode até ver uma fumacinha saindo da cabeça deles diante de algo parecido.
Por isto, repito, nunca facilite o troco. Se sua compra der U$ 1,02 e você der dois dólares, receberá exatamente os 98 centavos de troco. Nada de bala, chiclete, ou "posso ficar devendo?".
E é sempre assim, você paga e recebe o troco exato.
Logo, em poucos dias, você estará nadando em moedas, de 1, 5, 10, 25 centavos. Elas vão se aculumar em seus bolsos, e logo você não saberá o que fazer com elas.
Por isto, três dicas:
1 - guarde-as para dar como souvenir para seus amigos (este é, de longe, o souvenir mais mão-de-vaca de todos!);
2 - gaste-as em máquinas de refrigerante, na lavanderia (caso precise), para comprar passagens individuais do
metrô ou pegar
ônibus - que só aceita moedas ou
METROCARD -, ou para pagar a conta exata, por exemplo: U$ 20,25, se você tiver o dinheiro exato, não hesite em mandar embora as moedinhas.
No entanto, é algo milagroso, você sempre volta pra casa com mais moedas do que saiu.
3 - troque-as por dinheiro nas máquinas que existem em algumas farmácias ou em mercados. Você põe as moedas na máquina, ela conta quanto dinheiro você tem, você pega um recibo (a máquina come uma porcentagem do valor) e troca por dinheiro em nota. Se você tiver poucas moedas, tranquilamente conseguirá uns 10 dólares, mas você guardar por vários meses, dá até para conseguir 90 ou 100 dólares com elas.
- Os americanos falam "por favor", "com licença" e "me desculpe" para tudo.
Se você entrar no metrô cheio, nunca se esqueça de dizer "
excuse me" para abrir espaço.
Se você esbarrar em alguém na rua, ou mais do que isto, se você pensar em esbarrar em alguém na rua - tipo naquela situação, você vai para um lado, a pessoa na direção oposta também vai para aquele lado, você vai para o outro e a outra pessoa também - diga "
sorry".
Estas serão as duas palavras que você mais ouvirá em NY, "
excuse me" e "
sorry". Ensaie-as bem.
- os americanos simplesmente não têm noção do espaço que ocupam no mundo.
É muito comum ver, no
metrô, indivíduos sentados com as pernas escancaradas, ocupando o espaço de duas ou três pessoas. Você até pode chegar e pedir licença para o fulano encolher as pernas, mas, com certeza, receberá um olhar fulminante e uma bufada. Quanto maior a pessoa, mais espaço ela se acha no direito de ocupar.
E isto também se repete de maneira irritante em ônibus e trens de viagem.
Assim que os americanos entram, eles ocupam um dos assentos e põem as bagagens ou casacos no banco do lado. Mesmo amigos ou pessoas acompanhadas fazem isto, por exemplo, um dos amigos senta-se numa das fileiras e põe algo do lado, e o outro amigo senta-se na fileira ao lado e ocupa o banco restante com alguma tralha.
Se você demora muito para entrar no ônibus ou trem, encontrará uma legião de pessoas sentadas sozinhas e que ficarão irritadas se você pedir para se sentar ao lado delas.
E, se você estiver acompanhado, com o(a) esposo(a), namorado(a) ou amigo, nunca peça para um americano trocar de lugar. A não ser que queira ver cara feia.
- Este é um dos comportamentos mais estranhos dos americanos, na minha opinião: no metrô ou nos ônibus coletivos, os americanos nunca oferecem lugar a idosos ou gestantes, mas sim a crianças. Veja bem, eles oferecem lugar para as crianças, não para os pais delas para que a criança se sente no colo.
Então, alguém se levanta e a criança fica pulando e se remexendo no banco, enquantos os idosos ficam de pé sorrindo para elas.
Esta é a segunda postagem sobre as práticas não-verbais dos americanos, outro dia, falamos mais sobre isto.
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