18 março 2009

Livin' in America - Lá vem o sol!

(a primeira flor da primavera no Gramercy Park)

Na maior parte do Brasil, só existem duas estações do ano: um imenso verão e um breve inverno. Em Curitiba, onde nasci, as coisas são um pouco diferentes; há as quatro estações do ano, mas tudo num único dia - frio de manhã, calor na hora do almoço, chuva à tarde e frio à noite.
Mas, via de regra, não temos muito a experiência de possuir estações do ano bastante definidas.

Em Nova York, a transição duma estação a outra chega a ser assustadoramente aparente. Pode estar o maior calor durante o verão, mas no primeiro dia de outono, as temperaturas baixam e já temos de desencavar os casacos; no primeiro dia de inverno, pode até não nevar, mas sentimos aquele vento de gelar os ossos e o aquecimento do prédio se liga. Não dá para não perceber, não dá para não ignorar.

Dois dias atrás, eu comentava com a minha esposa que, ao contrário dos outros anos, eu ainda não havia percebido nenhum indício da chegada da primavera. O primeiro deles são os brotinhos verdes nas árvores secas.
Então, ontem, vi a primeira flor desta estação e, hoje, os brotinhos verdes. E, mais do que isto, um dia de calor extraordinário.

No inverno, todo mundo se esconde em casa - excetuando os turistas, que invadem a Times Square e torcem para ver neve -; são três meses de recolhimento e duma certa melancolia, causada pela sensação de que nunca mais vai esquentar. Dias curtos, frios, cinzentos e intermináveis.

Talvez seja por isto que o nova-iorquino celebre tanto a chegada da primavera e, assim que as temperaturas aumentam, todo mundo retorna às ruas: pessoas, cachorros, skatistas, motociclistas, gente praticando jogging, mesas nas calçadas e parques lotados. 15 graus, que no Brasil ainda seria um frio de rachar, já é uma maravilha após um inverno de menos 10.

A poucos dias da primavera, começamos a receber os primeiros sinais e, acompanhando a canção dos Beatles, podemos finalmente dizer de novo: "Here comes the sun"!


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