Mãos de Vaca na Mídia - Jornal O Popular

Luxo não é sinônimo de exploração

Depois de seis meses morando em Nova York, o escritor Henry Alfred Bugalho e a namorada Denise Nappi resolveram publicar num blog dicas para os amigos que queriam visitar a cidade, mas se assustavam com os preços. Como tempo, o blog (www.maosdevaca.com) foi crescendo e deu origem ao Guia Nova York para Mãos de Vaca, hoje um best-seller. Apesar do título, Henry garante que não defende o “turismo do sacrifício”. Em entrevista por e-mail, ele conta um pouco mais de como curtir a Big Apple.

Na sua opinião, no que não vale a pena economizar em Nova York? Qual é o tipo de luxo indispensável para um turista de primeira viagem?

O que nós sempre dizemos é que não estimulamos o turismo do sacrifício, no qual o viajante não faz nada, só come porcarias, fica em espelunca e só viaja em pau-de-arara. As nossas dicas são justamente para apresentar o que a cidade tem de melhor, de mais interessante, mas sem pagar preços abusivos. Por que pagar 20 dólares no museu se há um dia gratuito? Se o viajante pode se dar o luxo de pagar todos os preços integrais, tudo bem, mas a maioria não rasga dinheiro. Luxo não é sinônimo de exploração. Acho que este até poderia ser este um dos lemas do www.maosdevaca.com.


Existe um mito de que Nova York é uma cidade do luxo e do glamour, portanto muito cara. Quando vocês tiveram a ideia de dar dicas de economia na cidade?

Nós já estávamos na cidade havia pouco mais de seis meses e havíamos passado alguns perrengues até nos adaptarmos. Durante muito tempo, vivemos à base de comidas congeladas de 99 centavos do Jack’s World. Quando o inverno chegou, compramos muitas roupas de frio de US$ 7 na Steve & Barry’s (uma loja que faliu durante a crise recente dos EUA), ou seja, porque a nossa verba era bastante restrita, tivemos de nos virar para encontrar opções de alimentação, compras e passeios baratos. Com o tempo, constatamos que não havia nenhum guia ou site em português dedicado para falar de turismo econômico, muito menos para Nova York. A verdade é que, se você souber onde ir e o que fazer, uma viagem para NYC pode sair muito mais barata do que se imagina. Se não levarmos em consideração o preço da passagem aérea, pode sair bem mais em conta do que uma viagem para o Nordeste do Brasil, por exemplo.

Qual foi a maior surpresa, em termo econômicos, que vocês tiveram quando chegaram na cidade pela primeira vez?

A primeira surpresa, negativa, foi o preço dos aluguéis em Manhattan. O preço médio está na faixa de US$ 2,5 mil por mês, mas o céu é o limite. Em se tratando de hospedagem, é uma cidade muito cara mesmo.No entanto, outra surpresa, mas positiva, foram os preços de eletrônicos e de roupas de grife. Nos outlets, há muita coisa boa e não precisa gastar muito para se vestir bem. Também é muito fácil manter-se atualizado quando se trata de tecnologia, seja computadores, TVs ou câmeras fotográficas. Os EUA são definitivamente o paraíso do consumo.

Qual a regra número um para quem quer conhecer Nova York gastando pouco?

Esta é a regra básica para gastar pouco em qualquer destino do mundo: pesquisar muito. Quanto mais você pesquisar, mais preparado você chegará a seu destino e serão menores as chances de cair em furadas. Hoje em dia, é possível saber de tudo sobre qualquer lugar sem sair de casa pela internet. Cada experiência em viagens é única, mas se pode aprender muito com quem já foi. Mesmo assim, como qualquer grande destino turístico do mundo, Nova York tem suas armadilhas, como as lojas de eletrônicos na região da Times Square, muito mais caras e com produtos piores, ou os restaurantes badalados, mas com comida péssima. Mas, para saber disto, tem de fazer uma pesquisa prévia.

Por que vocês acreditam que a cidade ainda atrai tanta gente do mundo inteiro?

Nova York não ostenta o título de capital do mundo à toa. Nesta cidade, existe de tudo de qualquer parte do mundo. Acredito que seja uma das poucas cidades do planeta nas quais você pode encontrar culinária de todas as culturas, e ouvir idiomas dos cinco continentes numa breve volta pelo metrô. É uma cidade fascinante, que possui atrativos para todos os tipos de pessoas.

Publicado no Jornal O Popular de 09/10/2011

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