19 novembro 2012

Começou a temporada de migração dos mãos de vaca - de Perúgia a Madri de carro - dia 1: Lucca e La Spezia


Se você acompanha o nosso trabalho desde o princípio, já sabe que somos meio ciganos, se não de sangue, certamente de espírito.
Desde que juntamos os nossos trapinhos e deixamos o Brasil, já passamos 4 anos em Nova York, um ano e meio em Buenos Aires, 8 meses na Itália e agora estamos indo de mala, cuia e cachorro para a Espanha.

Enfiamos todas as nossas tralhas no carro (leia aqui sobre os meios de transporte na Europa) e, a princípio, estimamos que serão 8 dias de viagem, parando em várias cidades entre Perúgia e Madri, o destino final, num percurso de quase 2 mil quilômetros passando por quatro países: Itália, França, Mônaco e Espanha.
Os planos iniciais previam uma passagem por Barcelona e Zaragoza, mas depois alteramos a rota para cobrirmos uma região maior da França, seguindo pelo norte da Espanha até Madri.


Como é um roteiro em aberto, sem reservas de hotel nem nada garantido, vamos informá-los dia a dia por onde passamos e o que vimos.
A única ferramenta essencial que trouxemos conosco foi um GPS. Tem de ser muito doido para viajar sem um pela Itália.

Dia 1


Partimos da Perúgia com um pouco de atraso. Queríamos sair por volta das 10 da manhã, mas acabamos deixando a cidade uma hora depois, pois não estava nada fácil acomodar toda a nossa mudança no carro.
O primeiro trecho, da Perúgia até Arezzo, foi pela Raccordo Bettole-Perugia, uma estrada que margeia o Lago Trasimeno.
A província que mais está presente no imaginário dos turistas é a Toscana, mas a província da Úmbria merece um pouco de atenção. Nesta região, há várias cidades históricas importantes, a maioria delas medievais e muito bem conservadas, como a própria Perúgia, Assis, Gubbio, Todi, Foligno e, ao redor do lago, Passignano sul Trasimeno e a lindinha Castiglioni del Lago. Nela também há belíssimos campos de girassóis no verão, come-se bem e vários importantes produtores de vinhos e azeite de oliva.

Este primeiro trecho de rodovia é sem pedágio, no entanto, depois que você integra a autoestrada A1, então começam os trechos pagos.


Nesta rota você encontrará o Valdichiana Outlet Village, uma parada obrigatória para quem gosta de uma barbada.

Como esta é uma região que já exploramos bastante nestes 8 meses morando na Itália, e a nossa intenção era de sair o mais rápido possível dos país, onde os preços de hospedagem e combustível são muito mais altos do que na França e na Espanha, seguimos direto para Lucca, distante 230 quilômetros da Perúgia.


A autoestrada A1 possui trechos de pista com três faixas e outros com duas faixas, sempre em ótimo estado. Felizmente, o comportamento dos motoristas desta região da Itália é muito diferente dos suicidas de Nápoles ou de Roma, ou seja, todo este percurso é tranquilo. O tráfego só aumenta um pouco na região de Florença, mas nada muito complicado.

Lucca


A nossa paradinha para esticar as pernas e forrar o estômago foi em Lucca, uma cidade ao norte da Toscana, que não tem os encantos de Florença, Siena ou Pisa, mas que é charmosa de sua própria maneira.
A principal atração é, sem dúvida, a catedral do século XIV, o Duomo di San Martino.
Mas o mais interessante da cidade, na minha opinião, é como suas muralhas foram preservadas, inclusive com o fosso ao redor. O centro histórico é completamente independente do restante moderno da cidade, toda murada. Muito impressionante.

Infelizmente, chegamos a Lucca na hora da siesta, ou seja, estava todo o mundo dormindo, boa parte das lojas fechadas, e somente algumas dúzias de turistas circulando pelas ruelas.


O almoço ficou por conta de uma frittata de batata que a Denise havia preparado antes de sairmos de casa e uns pães que compramos numa das poucas padarias abertas de Lucca, que nos custou 2 euros por quatro baguetinhas. A viagem já começou com economia!

O que matou foi o pedágio entre Farniole e Lucca, uma facada de 10 euros.

La Spezia


Com o fim do horário de verão, às 5 da noite já está escurecendo, por isto, não quisemos passar muito tempo em Lucca e acabar tendo de dirigir no escuro.

Nos planos iniciais, pernoitaríamos em Gênova, certamente uma cidade bastante interessante. No entanto, foi impossível conseguirmos um bom preço de hotel na cidade. Tudo estava muito caro, ou já não havia mais quartos disponíveis.


A alternativa foi procurar alojamento em La Spezia, uma cidade portuária 75 km ao sul de Gênova. Pouco antes de cruzar a divisa da Toscana para a Ligúria, você já é saudado pelas montanhas do Alpi Apuane e, no caminho, ao passar por Carrara, é possível avistar enormes blocos de mármore que tornaram esta cidade famosa, ao fornecer o material para algumas das mais importantes esculturas da História.
O pedágio entre Lucca e La Spezia saiu por 7 euros.


Chegamos a La Spezia quase de noite e optamos por dar uma volta pelo movimentado centro da cidade, ao longo do calçadão Corso Cavour. Apesar de não haver grandes atrações, La Spezia possui um clima bastante jovial e descontraído, com uma quantidade assustadora de pessoas passeando com seus cães, várias lojas, bares e restaurantes.


A focaccia é uma receita tipicamente lígure (tanto que se chama focaccia genovese) e você encontrará várias focaccerias em La Spezia. Nossa janta ficou por conta de 6 focaccine, que nos custaram 2,20 euros.


E, para arrematar, detonamos um cone de salsicha com batata-frita (wurstel e patatine frite), que nos custou outros 2,50 euros na Friggitoria Pane e Tulipani, na Via del Prione 274, onde é possível encontrar várias outras frituras típicas da região.

Depois disto, retornamos ao hotelzinho meia boca, com o melhor preço que conseguimos encontrar nesta região da Itália, o Hotel Birillo, com uma diária de 50 euros, sem café da manhã nem estacionamento, o que nos custou mais 3 euros para deixarmos o carro na rua com parquímetro.

Balanço do dia
Distância percorrida: 300 km
Pedágio: 17 euros
Hospedagem: 50 euros + 3 euros de estacionamento
Alimentação: 6.7 euros
Total para 2 pessoas e 1 cachorro: 76.7 euros


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Importante: favor ler as Perguntas Frequentes - FAQ.

5 comentários:

  1. dá-me uma inveja doida!! uma inveja tão imensa que me doi dizê-la...:) era o meu sonho de sempre..ir por aí, assim, sem quarto de hotel, nem mais que ir... Vamos fazef assim: cada dia, vocês fazem uma foto a pensar "esta a Fátima adoraria..." rsss
    beijinhos e divirtam-se e tenham uma viagem óptima! está frio por essa europa...

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  2. Adoro ler as suas dicas,viajo com vcs .Deus os acompanhe sempre!abs

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  3. Como esta sendo viajar com o cãozinho? Tranquilo para conseguir hotéis? Porque aqui no brasil é um transtorno muito grande e na argentina também tive alguns problemas com minha cachorra. Numa das noites tive que dormir num motelzinho bem espelunca! rsrsr
    Ilca

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  4. Olá,

    Muito legal essa migração. Vou acompanhar, recebo os feeds por e-mail. :)

    Quem sabe um dia faço essas migrações? heheheh

    Abs.,

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  5. Lucca é linda. Dentro da muralha ("Le mura", em italiano) é que é o point turístico. De dia, um comércio maravilhoso e várias atrações tipicamente italianas; à noite, uma feira gastronômica enorme se forma na praça principal e muita coisa boa a gente consegue comer (e se divertir). A muralha é tão grande e larga que tem bancos para os namorados, árvores com aromas agradáveis, uma pista de cooper/bicicleta (que os lucchesi sempre praticam esportes ali) e até um restaurante em cima (Ristorante Antica Caffè delle Mura). Vi um lindo pôr-do-sol em cima da muralha; inesquecível!

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