13 outubro 2012

Nápoles para Mãos de Vaca - parte 1


Nápoles é supreendente. Nápoles é impressionante. Nápoles é apaixonante.

É uma cidade caótica, barulhenta, orgânica, animada, suja, decadente, com um povo fantástico, "a mais bela do mundo" (segundo os napolitanos), "a cidade dos ladrões", com um trânsito insano, com igrejas extraordinárias, onde nasceu a pizza, tudo isto e muito mais.
Já foi dominada pelos gregos, pelos romanos, pelos normandos, pelos espanhóis, pelos franceses, foi estado independente, até, enfim, unificar-se ao que se tornaria a Itália.


Sua incrível História está em cada rua e esquina, em cada igrejinha e em seu próprio idioma, o napolitano, praticamente incompreensível para os falantes de italiano.


Passamos dois dias em Nápoles a caminho de Salerno e da Costa Amalfitana e, imediatamente, percebemos que seria pouco tempo para explorar esta cidade cheia de surpresas. Desde então, retornar para ficar uns 10 dias se tornou quase uma obsessão nossa.
Para compensar, fizemos uma espécie de tour personalizado com o pai de uma amiga nossa, um napolitano que conhece tudo e que nos apresentou alguns segredos desta cidade. Mesmo assim, sentimos que apenas arranhamos a superfície de Nápoles.

Chegando a Nápoles

Desembarcamos na estação de trem Napoli Centrale, a principal da cidade. É possível encontrar bilhetes de trens regionais da Treintalia de Roma a Nápoles a partir de 11 euros (a viagem dura 2 horas e 40 minutos), e com serviço veloz da Italo a partir de 20 euros, se comprar com antecedência (a viagem dura pouco mais de 1 hora).

Desde Napoli Centrale, você pode pegar o transporte público ou um táxi para seu hotel ou albergue, mas é também desta estação que parte o trem Circumvesiavana para Pompéia, no subsolo.

Na estação de trem, há um balcão de informações onde você pode apanhar um mapa e também pedir indicações sobre qual é a melhor maneira para chegar a seu hotel.

Deslocando-se por Nápoles

Se você estiver hospedado numa região próxima ao Centro Histórico, você poderá percorrer tudo à pé sem dificuldades.
Há metrô, tram e ônibus pela cidade e, para comprar o bilhete, funciona como em qualquer outra grande cidade italiana, vá a alguma tabacaria e compre a passagem.


Fique sempre muito atento aos seus pertences quando estiver no transporte público, pois Nápoles tem a reputação de ser a capital dos punguistas. Preste atenção a sujeitos suspeitos, que andam em duplas ou em trios, geralmente são senhores bem arrumados, com óculos de sol de grife. Não tivemos nenhum problema em Nápoles, mas temos quase certeza que vimos batedores de carteira embarcando nos trens para Pompéia. Por isto, olho!

Dirigir por Nápoles está fora de cogitação. O trânsito é insano e os motoristas se comunicam com suas buzinas e xingamentos.
Até atravessar uma rua pode ser um desafio, pois, ao contrário do que ocorre em várias cidades italianas, os napoletanos não param quando um pedestre está cruzando na faixa, às vezes, não respeitam sequer os semáforos. A única alternativa é fazer como os locais e enfiar-se no meio do trânsito, driblando os automóveis e torcendo para não ser atropelado.

O Centro Histórico


Nápoles possui o maior Centro Histórico da Europa, no entanto, à princípio, esta pode ser uma região um pouco assustadora por causa de seus casarões antigos e mal-cuidados e pelos grupinhos nas esquinas, ou à noite, quando caminhar por suas ruas estreitas e escuras pode ser meio desesperador.

Apesar das ruas retas e perpendiculares, típicas das antigas cidades romanas, não é muito fácil para um turista se orientar pela região histórica. Às vezes, você dará voltas e mais voltas procurando alguma atração específica, sem conseguir encontrá-la. Mesmo grandes igrejas acabam desaparecendo em meio a tantos palácios e prédios históricos.


A principal rua é conhecida tradicionalmente por Spaccanapoli, cortando o Centro Histórico em dois. Atualmente, ela possui outros nomes, começando como Via Benedetto Croce a oeste, e tornando-se, mais adiante a leste, Via San Biaggio dei Librai, Via Viccaria Vecchia e Via Giudecca Vecchia.
Ao longo dos 2 km da Spaccanapoli, há muitas atrações, e também nas ruas perpendiculares e paralelas.

Somente para explorar o Centro Histórico, já seriam necessários dois ou três dias de passeios. Na segunda parte, veremos algumas das atrações gratuitas desta área.

Onde nos hospedamos?


Como não queríamos torrar muita grana em hospedagem, recorremos ao Hostel of The Sun, o mais bem recomendado de Nápoles.
À primeira vista, é um lugar estranho, como quase tudo em Nápoles. É um prédio comercial, sem portaria, com um elevador que custa 5 centavos de euro para ser usado, tanto para subir quanto para descer (o próprio albergue fornece as moedas, disponíveis num cestinho).
O pernoite custou 20 euros por pessoa num quarto com três camas. No entanto, quando chegamos, descobrimos que eles haviam cometido um erro e nos alocaram num quarto com 6 camas.
Este contratempo foi compensado pela proprietária, uma inglesa simpatissíssima, que se esforçou para tornar a nossa estadia confortável. Mesmo estando com outras 4 pessoas, ainda assim o pernoite foi bastante tranquilo, sem nenhum tipo de perturbação.
Na segunda noite, fomos realocados para um quarto com 3 camas, como havia sido o combinado.


O albergue inclui café da manhã e é bastante limpo, silencioso e com uma equipe atenciosa. Se você quiser, o hostel pode pedir o jantar para você por um preço razoável e com uma porção que até pode servir duas pessoas.

Localizado na Via Guglielmo Melissurgo, 15, é bastante próximo do Centro Histórico, por isto, acabamos poupando também no transporte, pois percorremos tudo à pé.

http://www.hostelnapoli.com/

Importante: favor ler as Perguntas Frequentes - FAQ.

5 comentários:

  1. Só de ter nascido a pizza lá, já vale um crédito. :)
    Melhor jeito de conhecer uma cidade é simplesmente conhecendo alguém por lá que possa te mostrar: além da economia, ainda há a vantagem de poder conhecer as partes que realmente cada turista vai mais gostar.
    Como toda grande cidade, é até normal prestar atenção à bolsas e pertences. Nossa, mas é tão comum por lá e não tem policiamento? :(
    Nossa, que caos!
    E as pessoas costumam falar mal do trânsito do Rio de Janeiro e de São Paulo.
    Estes centros históricos parecem bem cenário de filme. Deve ser lindo fotografar por lá.
    Nossa, mas precisa pagar para utilizar o elevador, por quê? Pelo que eu entendi, se o albergue fornece as moedinhas, então é de graça, certo?
    Achei o albergue uma gracinha. :D

    Sucesso, depois eu volto para ler as outras partes da viagem!

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  2. Para quem tem algum contato lá é uma boa.

    Mas, sem ter um conhecido napolitano eu não me aventuro andar por esta cidade.

    Lembra muito a cracolândia centro de São Paulo, roma tb e milano parece muito com o submundo de sampa.

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    1. Credo! Por quais quebradas você andou pela Itália?

      Nápoles pode até ser um pouco intimidadora, mas Roma nem de longe se parece com o submundo de lugar algum...

      E andamos bastante sozinhos por estas duas cidades e não nos sentimos inseguros de maneira alguma.

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  3. Bom pelo corriere della sera sempre vejo notícias de violência de nápoles.

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  4. Darei o meu pitaco (de quem não tem nenhum conhecido lá): 1- O italiano de lá é diferente e eles não falam inglês como nas outras cidades italianas; precisam arranhar um portuliano! 2- Napoli tem uma história diferente do resto da Itália, pois foi dominada pelos franceses e árabes; por isso que eles não se sentem italianos e nem parecem italianos (quando perguntei se o café que tomei era italiano, pois pensei que era arábico, devido ao gosto diferente, o senhor me respondeu "No, qui non è Itália; qui é Napoli.."). 3- Nas estações de metrô espalhadas pela cidade não se vende o bilhete, como aqui no Brasil; o bilhete é vendido nos arredores, nas tabacarias. 4- Andamos tudo a pé, com o ônibus CitySightseeing que leva para todos os lugares turísticos e de metrô; sem problemas. Claro que não nos aventurávamos em ruas vazias, mas só as comerciais (Via Duomo, Via Cavour, Corso Umberto I, Via Toledo - que muda de nome de ponta a ponta, e a costa maravilhosa deles). 5- Ver os filmes da Sophia Loren e Totò ficou mais legal, pois a maioria se passa em Napoli (sugiro o Miseria e Nobilità, engraçadíssimo). 6- Uma curiosidade: a nossa imperatriz D. Leopoldina, esposa de D. Pedro I, era herdeira do Reino das Duas Sicílias (uma delas é Napoli!).

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