21 novembro 2011

Mãos de Vaca na Mídia - Jornal A Tribuna

Mãos de Vaca na Mídia -

Casal de Brasileiros ensina mãos de vaca a se dar bem
Leila Silvino

Com o sucesso de vendas pela web do guia turístico Nova Iorque para Mãos de Vaca, já em sua segunda edição, seus autores, o casal Denise Nappi e Henry Bugalho, já estão preparando um novo livro, dessa vez tendo como cenário Buenos Aires, Argentina. Mas com o mesmo enfoque: como se dar bem sem gastar muito.

Denise é santista e ex-comissária de bordo e Henry é curitibano formando em Filosofia e autor de vários livros de ficção não publicados. O casal está vivendo em Buenos Aires desde o final do ano passado e antecipa algumas recomendações para quem quer desbravar a capital portenha, que recebe 1,5 milhões de brasileiros por ano: "Nunca coma em restaurantes de shoppings, são muito caros e a comida é péssima. Em alguns lugares não se cobra o cubierto (a entrada ou couvert).

"Diferentemente de Nova Iorque, o turista brasileiro que vem a Buenos Aires é mais simples, muitas vezes é sua primeira viagem para fora. Então vamos dar dicas desde a compra da passagem aérea", explicou Denise. O livro ainda está em fase de produção.

Autoimagem
"O brasileiro ainda tem vergonha de pechinchar ou assumir que é mão de vaca".

Saudade
"Eu sinto falta de algumas coisas de Santos. Da simpatia do nosso povo, do pastel com caldo de cana, dos lanches enormes das barracas na orla, de assistir à corrida 10km A Tribuna, de andar de havaianas no shopping, do pastel do Carioca e dos amigos".

De olho nas promoções

Desde que se mudou para a Argentina, o casal já viajou para o Brasil, Chile, Peru e parte da Europa aproveitando promoções de passagens aéreas. A Itália, onde a dupla passou mais tempo, talvez seja o próximo país a ser explorado num guia.
"No início, pensamos que iríamos ajudar mochileiros, mas nosso público tem juiz, médico, engenheiro. Fizemos um encontro em São Paulo e foram umas 50 pessoas".
De acordo ainda com Denise, "no país de Maradona, embora os índices de inflação divulgados pelo Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos, controlado pelo governo) sejam questionáveis, eles (os argentinos) dizem já ser possível sentir o aumento dos preços no dia a dia".
"Os argentinos sentem muito mais do que nós (esses aumentos), pela desvalorização da moeda. Mas, às vezes, até as taxas cobradas em bancos aumentam de um dia para o outro", conta Henry.

Vendendo água na rua

A história do casal começou em 2006, com a quebra da Varig, onde Denise trabalhava. Meses depois, os dois desembarcaram em Nova Iorque com um "mínimo" de dinheiro no bolso.
"Pagamos o primeiro aluguel de U$ 1 mil e sobrou menos ainda", lembra Denise. Às vésperas daquele que seria o "dia mais quente do ano", com alertas por rádio e TV para que os nova-iorquinos ficassem em casa, o casal então teve a ideia que duplicaria a parca renda: investiu tudo em água mineral e em um cooler e foi para uma das mais movimentadas esquinas de Manhattan vender.
"Depois de vender duas garrafas, veio um guarda e mandou que a gente recolhesse tudo porque não tínhamos licença para vender na rua. Ficamos com U$ 7", conta a ex-comissária. Depois de encararem bicos em baladas e bares para brasileiros, os dois abriram um pequeno serviço de dog care, como é chamado do trabalho de passear com os cachorros.
De tanto caminhar pela ilha, "cerca de 20 quilômetros por dia", segundo Henry, e ainda com pouco dinheiro, o casal foi acumulando uma lista de dicas para desfrutar a cidade com pouco dinheiro: de lojas onde era possível comprar bons produtos a U$ 1,99 a ingressos para cobiçados espetáculos da Broadway por U$ 15.
"Tínhamos uma meia dúzia de blogs que não faziam nenhum sucesso. Então, pensamos: por que não fazer algo com nossas experiências?", recorda-se Henry.
No ar desde então, o blog chegou a picos de 400 mil visitantes por ano. Foram eles que começaram a pedir e sugerir que publicassem as dicas. Sem editora, o casal resolveu trabalhar por conta própria. Além de oferecer em formato PDF passou a editar, imprimir e postar os exemplares nos correios.


De brasileiro para brasileiro

Impressos de forma independente por uma pequena editora ainda em Nova Iorque, os volumes ocuparam diversas caixas que foram levadas para a casa dos brasileiros. Em sua segunda edição, o guia já contabiliza mais de 5 mil exemplares vendidos sem nunca ter passado por uma livraria. "Acho que o nosso é o único guia feitos de brasileiros para brasileiros. Os outros são traduções. Essa proximidade faz as pessoas comprarem", acredita Denise.
Com menos exemplares em casa desde a mudança para Buenos Aires, o casal decidiu manter a venda da versão em PDF, no blog, após a greve dos Correios, que atrasou a entrega dos pedidos. Isto sem falar dos leitores que pediram para ter a opção de levar também o guia em seus tablets eletrônicos. Vendidos atualmente por R$ 42 o pacote, o guia virou a fonte de renda dos dois.
Além do blog, Henry e Denise tentam manter, na medida do possível, a informalidade e contato com os leitores, por meio de e-mails e perfis em redes sociais, onde reúnem mais de 10 mil seguidores.
De olho nesse público crescente, os dois já planejam guias em outros formatos, como um mapa de onde comer as melhores comidas típicas de uma cidade. Sem gastar horrores para isto, claro!

Algumas dicas de Buenos Aires

Compra da passagem
Fique de olho nos sites de companhias aéreas. Algumas empresas estrangeiras que atuam no Brasil tem promoções semanais que é possível comprar bilhetes de ida e volta por até U$ 200

Hospedagem
Os apartamentos alugados por temporada são a melhor opção e podem custar o mesmo preço de albergues. No guia haverá uma lista dos sites mais confiáveis

Andar de metrô
Uma má notícia para os turistas brasileiros que adoram o baixo custo de Buenos Aires: acabou a era do táxi, em que o preço da bandeirada praticamente se equivalia a se deslocar de transporte público. Com a inflação, o melhor é usar o metrô e deixar os velhos carros amarelo e preto para o caso de dividir com grupos de amigos, por exemplo

Onde comer
O guia online Óleo (www.guiaoleo.com.ar) é o mais completo de restaurantes e bares de Buenos Aires, com resenhas e dados confiáveis, segundo o casal. Não bastasse isso, inscrevendo-se, o visitante consegue desconto em vários deles. Outra boa dica é aproveitar os menus de almoço, em que se pode desfrutar de uma refeição completa a preço fixo.

Passeios
A capital argentina também oferece passeios gratuitos em alguns dias nos seus principais pontos turísticos. Por isso é bom se programar. A Casa Rosada, sede do governo, por exemplo, abre suas portas para visitas sem custo todos os domingos e feriados.

Publicada no jornal A Tribuna (Santos), em 20/11/2011


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