11 fevereiro 2009

Livin' in America - O futuro já chegou!


Sempre adorei cinema.
Eu era do tipo que assistia de tudo e o tempo todo. Sabia os nomes dos atores, diretores e roteiristas, quem eram os indicados ao Oscar do ano e quem havia ganhado nas principais categorias nos anos anteriores. Já escrevi críticas de cinema (e fui muito xingado por causa delas). Gostava de cinema americano e estrangeiro, apesar de nunca entender esta divisão, já que americano é estrangeiro para nós brasileiros...

Por isto, uma das primeiras coisas que fizemos assim que chegamos a Nova York foi procurar uma locadora de filmes, pois além de ser mais barato do que ir ao cinema, era uma maneira para ficar antenado no que estava acontecendo.

No entanto, esta primeira locadora acabou indo à falência, então mudamos para uma Blockbuster, que está espalhada por toda a cidade. Alugamos com eles por uns dois meses, mas todo mundo nos dizia: "Sai dessa! A Netflix é melhor!"

Foi quando decidimos descobrir o que era este diabo de Netflix, e tivemos a primeira grande surpresa: esta locadora não possui lojas físicas, tudo é feito pela internet. Você entra no site deles (www.netflix.com, e não estamos sendo pagos pra fazer propaganda!), escolhe o filme que quer assistir dentre uma lista interminável, e você recebe o filme em casa, pelo correio. Quando você houver assistido ao filme, bastar pôr no correio de volta, que eles mandam o próximo da lista, ad infinitum.

Ficamos tão empolgados que começamos a pôr um filme atrás do outro na fila. Hoje, deve haver uns 400 filmes em espera e, mesmo que eu reencarne umas 3 vezes, não conseguirei assistir a todos. E também já não sou mais o cinéfilo que era e me surpreendo muitas vezes ao ver um filme do qual não sei quem são os atores, ou quando chega a época do Oscar e eu ainda não vi nenhum dos indicados nem sei do que se tratam. Ou seja, na fila da Netflix vão se acumulando filmes essenciais, e simplesmente não haverá tempo hábil para assisti-los.

Sou duma geração que conviveu com o advento dos primeiros videogames. Tive um Atari, um Nintendo, meus amigos tiveram um Master System e o Megadrive, depois da escola eu ia até uma locadora de jogos para jogar Super-Nintendo (foi a época da febre do Street Fighter e a piazada se aglomerava diante da TV para ver o Dhalsim, o Guile, a Chun-Li, ou Blanka quebrando pau) e acompanhei o surgimento do Playstation. Depois, meio que entrei num limbo do que estava ocorrendo neste universo, até que, ano passado, minha esposa pediu para comprarmos um videogame para o aniversário dela. Fizemos uma pesquisa e optamos pelo X-Box 360.

Os primeiros dias foram de euforia. Horas e mais horas jogando aqueles jogos incríveis! Compramos até a guitarrinha para o Guitar Hero III e um tapetinho de dança. Mas depois dum tempo, o videogame ficou encostado. Fazia alguns meses que nem o ligávamos direito, quando, esta semana, ele foi ressuscitado. Então descobrimos a novidade: agora era possível assistir a filmes da Netflix através do videogame. Bastava que nós o ligássemos à internet que podíamos acessar parte do acervo desta locadora virtual, e o controle remoto era o joystick.

Neste momento, senti-me quase como minha mãe, que não sabia como ligar o videocassete, ou que levou semanas para aprender a mandar um e-mail; passar o filme adiante ou pausar era um enigma. E assim como já não consigo mais acompanhar os filmes que passam no cinema, fiquei imaginando o dia em que não mais acompanharei as mudanças da tecnologia. Por enquanto, ainda consigo, capengando, lentamente, mas ainda me ponho à par das revoluções que a internet têm provocado. No entanto, sem dúvida, chegará um tempo em que eu terei de pedir a meus filhos (não os tenho, mas digo hipoteticamente) para me ensinarem algo que, para eles, é inacreditavelmente óbvio.

O futuro já chegou e, aos poucos, nós vamos nos tornando parte do passado, obsoletos. Este é o ciclo da vida.

2 comentários:

  1. Bem , o sentimento de ser obsoleto chega aí primeiro, né?
    Desvantagem de morar num lugar onde a tecnologia chega muuito antes que aqui !


    Angela Lacerda

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  2. Você tem razão, Angela, no entanto, parece que tudo tem ficado bem mais rápido do que antes.
    Meu primeiro computador durou uns 6 anos. Atualmente, se sobreviver 1 ano completo já se está no lucro. Tudo muda tão velozmente que a gente sempre fica correndo atrás e nem assim acompanha.

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